sexta-feira, 26 de junho de 2009

THRILLER



KAWO KABIECILE!!!!


"thriller: história, romance, filme ou peça de suspense."

Eis a tradução do dicionário Michaellis do UOL
Terá sido a vida de Michael Jackson um romance? Ou um filme? Ou uma peça de suspense? Ou tudo isto ao mesmo tempo?
Ele foi criticado por muita gente, acusado de tantas outras coisas nas quais não vou me aprofundar.
A música no mundo não seria a mesma- arrisco até dizer que seria um grande tédio- sem a contribuição do talento negro.
Chuck Berry e Little Richard no rock and roll, James Brown na soul music, Bob Marley no reggae, Miles Davis (meu jazzista favorito), John Lee Hooker (meu blueseiro favorito), Ray Charles e Stevie Wonder (o único ainda vivo de todos os citados). Esta lista mostra o quanto devemos ao povo negro na construção da cultura pop.
Mas Michael Jackson foi especial! Ele produziu, cantou e dançou como ninguém. Não vi ainda nesta vida, alguém que dançasse tanto e tão bem quanto ele. Se existe, deve estar perdido em alguma ilha ou vivendo na Lemúria, em Atlântida ou outro continente perdido qualquer.
Michael Jackson foi um artista de múltiplos talentos (ou um artista multimídia, para agradar aos modernos), inovador, pioneiro e revolucionário. Viveu vida de artista praticamente desde o berço. Não teve infância e, talvez por isto, tenha morrido tentando viver num mundo de sonhos e ilusões. Você já parou pra pensar que ele, talvez. nunca tenha construído um castelo de areia?
Lembro que, durante minha infância, o desenho animado dos Jackson Five era um dos meus favoritos. Algumas vezes, deixei de lanchar pra assisti-lo. Jackson Five e Temptations... custei a entender por que no Brasil não tínhamos grupos deste estilo.
Este blog quer apenas prestar uma singela homenagem ao maior fenômeno da música, ou melhor, mais do que isto, ao maior fenômeno da cultura pop em todos os tempos.
Vá em paz, Michael! Que Oxalá te abençoe e Zambi te receba no "Reino Iluminado" de braços abertos e com muita festa, afinal, não é sempre que chega alguém como você na Aruanda! Quem sabe, agora, você não vá cantar e dançar pros orixás e/ou, talvez, até mesmo, coreografar anjos?!

SARAVÁ!!!!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

KAWO KABIECILE!!!!

Hoje, temos a honra de postar um texto de Christine Keller. Amiga e companheira de luta de longa data, ela escreve sobre um mapeamento de terreiros de Umbanda e Candomblé que está sendo feito no Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense.

SARAVÁ!!!!


Na foto: Mãe Beata

PESQUISA E MAPEAMENTO DE TERREIROS NO RIO DE JANEIRO
Por: Christine Keller*


Num domingo friorento de junho fui até o bairro de Miguel Couto, em Nova Iguaçu (estado do Rio de Janeiro), para conferir um evento que será referência para as religiões afro. Trata-se da apresentação pública da pesquisa de mapeamento das casas de religiões de matriz africana do Rio de Janeiro, que aconteceu na comunidade de Terreiro Ile Omiojuaro (Casa de Mãe Beata de Iyemoja). Valeu a pena encarar a distância e o frio. Essa é uma das muitas ações daquele Axé que trabalha para além da religião, procurando atender as demandas não apenas do entorno de Miguel Couto e do município de Nova Iguaçu, mas do povo afro-descendente em várias questões: luta contra o racismo e preconceito, contra a homofobia, contra a intolerância religiosa e em prol de ações públicas que garantam os direitos de nosso povo em todas as instâncias: respeito, acesso aos serviços públicos de qualidade (transporte, saúde, educação, cultura e por ai vai...), ações afirmativas, cuidados com o meio ambiente... Enfim. A lista de atividades e ações que o Ile Omiojuaro está envolvido direta ou indiretamente é enorme e falarei oportunamente sobre as mesmas.
Mas voltando à pesquisa e mapeamento dos terreiros do Rio de Janeiro, a mesma consistirá no cadastramento das casas de todas as tradições religiosas afro-brasileiras. É uma iniciativa de duas pessoas ligadas às religiões de matriz afro e alunos da PUC-Rio, com quem o trabalho será feito em parceria, através do Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente daquela universidade (Nirema). Pela Casa do Perdão, Templo Umbandista, Mãe Flávia, e pelo Ile Omiojuaro, Babá Adailton de Ogum, Babá Egbe do referido terreiro de Miguel Couto. Ambos acabaram de se formar em Ciências Sociais pela Puc-Rio.
A princípio, a verba que veio através da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR dará conta do trabalho no município do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense, e deverá estar concluída no final de 2010. Os coordenadores pretendem que a pesquisa e mapeamento, futuramente abranja não apenas todo o estado do Rio, mas o território nacional do Oiapoque ao Chuí.
As pesquisas serão feitas por pesquisadores selecionados e treinados, ligados às religiões de matriz afro, que ministrarão um questionário específico e criado por uma comissão para este fim. Os entrevistados serão pais e mães de santo, lideranças religiosas, ou pessoas designadas por eles (elas) para falarem pelos seus Iles. A coordenação, através de um Conselho Religioso, formado por quatorze lideranças representativas do Candomblé e da Umbanda, fez uma listagem de terreiros de matriz afro baseada em várias listas de entidades e federações e ainda deverão visitar casas indicadas pelos entrevistados, uma vez que a pesquisa pretende alcançar o maior número possível de pessoas e terreiros, independente de nação, raiz, tamanho ou estarem ou não filiadas às federações.
Será adotada uma metodologia de cartografia social, onde os entrevistados terão voz. O cadastramento será feito através da auto-identificação do pesquisado e o seu universo, sujeitos de fato e de direito. Desta forma, ao final da pesquisa, teremos dados concretos sobre o número real de casas, localização e informação das mesmas. Com isso, as religiões de matriz africana terão a visibilidade mais do que merecida e tantas vezes negada em meios censitários e na maior parte das mídias, já que quando aparecem é na maioria das vezes de forma deturpada e preconceituosa, muito diferente da realidade das mesmas. Desta forma, nosso povo poderá clamar por seus direitos negados e esquecidos pelos que estão no poder. Poderemos gritar e exigir as políticas públicas que nosso povo necessita e a que tem direito. Chega de invisibilidade, negação de direitos, discriminação e intolerância religiosa. Como diz Mãe Beata de Yemojá, não queremos que nos tolerem, queremos que NOS RESPEITEM!

"Christine Keller é jornalista, candomblecista e luta contra o racismo e todos os tipos de discriminação e também contra a intolerância religiosa que é praticada com as religiões de matrizes afro e ameríndia. No momento, trabalha na Comunicação do Grupo Cultural AfroReggae, está voltando a publicar o Blog Bate Tambor (que trabalha com as questões citadas acima), canta no Coral afro N’ Korin Olóòrun (Cânticos de Louvor aos Orixás) e faz um curso sobre diáspora africana na UERJ (Proafro/Universidade do Texas e Criola)."


Comunidades no Orkut:
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA/BASTA!:
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=2875892

Mãe Beata de Yemanjá:
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3449229

Mãe Olga de Alaketu:
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=5439385

quarta-feira, 17 de junho de 2009

triste tropicália?

Dudah Oliveira*

“O antropólogo Claude Lévi-Strauss não gostou da baía de Guanabara”, nos fala a famosa música de Caetano Veloso, citando a decepção dos brasileiros com o fato de que um eminente estudioso, que estava presente no país para instalar a USP, não se sentiu nada seduzido para algo que imaginávamos universal.
Na primeira metade do século XX era possível se deparar com os especialistas franceses, emitindo suas opiniões sobre os mais diversos aspectos de nossa realidade social. Na Bahia, dois antropólogos franceses acabaram tendo relações bem diferentes com a realidade local. Creio que podemos até afirmar que Roger Bastide e Pierre Verger chegaram até a conclusão divergente sobre aquilo que mais os intrigou na Cidade da Bahia: o Candomblé.
Bastide, um acadêmico refinado, contemporâneo dos “pais” da moderna etnologia, também chegou ao Brasil com a missão francesa que implantou a Universidade de São Paulo, onde ocupou a cátedra de Sociologia. Como Lévi-Strauss, aproveitou sua estada no país para desenvolver estudos sobre aspectos da cultura local. Verger, por sua vez, não tinha compromisso com as normas e disputas acadêmicas. Foi um autodidata que usou da “metodologia científica francesa” para responder questões postas por sua curiosa admiração pelo “outro”. Ambos vão observar o mesmo fenômeno, mas vão chegar a lugares distintos.
Bastide circulou pelos principais terreiros da cidade e teve suas impressões oriundas da relação que manteve com estudiosos locais. Para ele, o candomblé era um fenômeno em vias de extinção. Ele o via como um produto de um Brasil colonial e eminentemente agrário , movido por cana-de-açúcar e trabalho escravo, e percebia que este país estava rumando para uma mudança radical promovidos pela urbanização e desenvolvimento industrial. Por comer no prato da elite local, Bastide foi induzido a crer que este movimento nos levaria na direção de uma cultura urbana fundamentalmente mestiça onde, do ponto de vista religioso, o candomblé perderia terreno para a umbanda, porque esta representaria algo mais “modernizante e mestiço”.
Quem sabe não foi o trabalho de Verger que nos levou à falência desta profecia? Ele perseguiu como ninguém o “ponto de contato” entre o Candomblé e sua matriz africana e seus congêneres americanos. Apontou as conexões históricas, sociais e econômicas e demonstrou o caráter modernizante e (re)inventivo, capaz de atualizar o culto aos Orixás em sociedades inimigas em várias regiões da África.
Quanto à Bahia, Verger percebeu como ninguém que o povo tinha uma força e uma ética racial completamente distinta do pensamento hegemônico. Que sua religião lhes dava um viés de tolerância e generosidade para com o próximo muito característico de uma percepção humanística. A generosidade que permitiu que hoje a origem de muita coisa da chamada cultura brasileira seja completamente ignorada, mas que revela quem teve de fato força para conquistar almas, gostos e sabores; que revela como nossa maneira de “ver o mundo” não desconecta o “real” do “transcendental”; onde a vida não tem fim na esfera material; e onde o passado e o futuro parecem ter certa equivalência.
O Brasil, embora o mestiço de Bastide, tem a beleza e a complexidade de um Pierre Fatumbi Verger, filho de Xangô!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Feijoada do Salgueiro volta com força total

Os grupos Pirraça e Quilombo de Irajá, além do cantor e compositor Tico do Gato, serão os homenageados na proxima Feijoada do Salgueiro que retorna com força total, sob comando do competente grupo Terno de Cambraia, com um festival de sambas de raiz!!!

E, no clima do mês junino, uma animada quadrilha será formada, transformando a quadra num arraial. A Bateria Furiosa, sob o comando do Mestre Marcão, fecha os trabalhos, embalando Quinho e todos os segmentos da escola.

Preparado pelo Departamento Feminino, o feijão será servido até às 17h.

Serviço:
Feijoada do Salgueiro
Dia: 14/06/2009
Das 13h às 20h
Local: Quadra, à Rua Silva Teles 104, Andaraí
Camisa-convite: R$ 20 antecipado e R$ 25 no dia do evento

Flavia Cirino
Assessora de Imprensa
GRES Acadêmicos do Salgueiro
(21) 9834-0807
ID: 1*43664

terça-feira, 9 de junho de 2009



KAWO KABIECILE!!!!

Pra alimentar uma discussão que nunca cessa, estamos publicando texto do meu amigo Dudah Oliveira (Sóciólogo e
Táta Lembarauamin no Unzó de Matamba Tombency Neto, em Ilhéus - BA), acerca da questão do sincretismo religioso, um fenônemo ocorrido no passado, mas, tão entranhado em nossa história, que ainda é vivo e presente na prática da minha religião (a Umbanda), na prática da religião do Dudah (o Candomblé) e na prática de todos os cultos afro-brasileiros ou afro-ameríndios, como alguns gostam de definir.
Este texto, foi publicado inicialmente no Blog do Dudah, o Candomblog (www.candomblog.blogspot.com), em 16 de janeiro de 2009 e é reproduzido hoje no TERRA D'AGANJU, com enorme prazer e orgulho deste moderador.
Obrigado Dudah, pela gentileza!
Está aberta a discussão.


SARAVÁ!!!!

MINHA ALMA COLONIAL

Poucas idéias estão mais presentes no imaginário social brasileiro, do que a noção segundo a qual os escravos criaram o sincretismo religioso como forma de manter seu culto ilegal às divindades africanas fora do alcance dos olhos de seus senhores.

Ainda hoje, 120 anos após a abolição do regime de trabalho escravo, essa noção romântica vem sendo amplamente difundida nas salas de aula e compartilhada de maneira quase unânime por aqueles que discorrem sobre o assunto, mesmo nos cursos de história ou das ciências sociais.

Noção romântica, porque ela nos deixa subentendida certa malandragem, certa sabedoria esperta, que nos deixa de imediato solidarizados com aqueles que supostamente foram mais inteligentes que seus opressores. Ela nos diz que os escravos se preocupavam em disfarçar um culto onde não haviam imagens a serem cultuadas, mas não precisavam criar nenhuma alternativa com relação aos sons e às músicas, tão fundamentais aos cultos de Inquices, Voduns e Orixás.


O que infelizmente não fica à mostra, é a possibilidade de que certa malandragem poderia ter sido empregada pelo “outro lado”, por aqueles que se dedicaram a colonizar almas, mentes e corpos. Aqueles que detinham poder sobre a vida e a morte e que decidiam quem fazia, ou não, parte da espécie humana.

Mais de 20 milhões de almas foram saqueadas do continente africano, por uma “máquina” colonial alimentada por cana-de-açúcar. Por números da época, entretanto, seriam menos, já que aos negros se permitiu ter apenas meia alma, a qual recebia logo no embarque um nome cristão de batismo e a garantia de que o céu lhe receberia se não agüentasse a viagem de mais de 3 meses amarrado ao porão fétido de um barco de madeira de cerca de 25 metros.

A forma como vemos o sincretismo não deixa espaço para a perversidade, só para as boas intenções. Não nos permite perceber que o mesmo método catequista foi utilizado em outras partes do planeta ou que ele ainda o é, nas entranhas da Amazônia. Nossas mesmas aulas de história nos falam de como o Deus Tupã foi sincretizado com o Deus dos jesuítas.

Certamente há a possibilidade de que os seres humanos tenham criado soluções semelhantes a problemas parecidos. Mas seria justo supor que um escravo de Cuba e um da Bahia tenham pensado parecidos, quando havia instituições presentes nos dois lugares com muito mais tempo, recursos e interesses do que ambos?

Ainda assim, a semelhança do método possui uma marca registrada. Quando se tenta achar a lógica que regeu a correspondência entre as divindades cristãs e africanas, percebemos que há sempre uma semelhança biográfica entre os santos católicos e os mitos africanos. Aqueles que operaram o sincretismo estavam “letrados” nos dois mundos. Só assim poderíamos ter Santa Bárbara com Iansã, no Brasil, e com Xangô, em Cuba.

A grande beleza escondida no sincretismo, contudo, ainda está por se revelar. Ele é resultado de uma lógica cartesiana, capaz de crer na submissão dos “fracos” pelos “fortes”, mas que não consegue entender ainda a extensão, possibilidades e significados para força.

A grande maioria das divindades africanas são elas mesmas sincréticas. São cultuadas por sociedades que nunca tiveram problemas em reconhecer a força de seus inimigos e dos deuses que os protegiam. Resultam de uma lógica que sempre vê seu oposto como humanamente viável. Onde as conquistas dos “outros” podem ser compreendidas e apreendidas para serem aplicadas entre “nós”.

A beleza do sincretismo está, portanto, contida na máxima verdade de que ele surgiu como sentença de morte, mas se tornou fonte de vida. Antes de enfraquecer ele criou fortaleza a um povo que acredita em deuses que sabem dançar.


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KAWO KABIECILE!!!!

Abaixo, texto de Joyce Nahoum que, além de uma grande amiga, é assistente social, umbandista e, como todos nós, uma inconformada com injustiças e, especialmente, com o preconceikto de pele.


SARAVÁ!!!!

"A alteridade nas relações raciais"


Perceber a diferença, a distância entre dois pontos e respeitar essa diferença, essa distância,sem torná-la objeto de consumo. Ai está o maior desafio humano. Um dos princípios fundamentais do Serviço Social.
Eu colonizo, tu colonizas, meu país foi e é colonizado... Ele massacra, nós ridicularizamos, vós aproveitais, eles (e todos nós, a medida que somos omissos e complacentes) desrespeitam, diminuem e degradam.
Quando as relações nesta sociedade irão mudar? Quando vamos passar a nos respeitar, a aceitar e perceber o que há de positivo na diferença? Quando vamos entender que o diverso, o embate e o debate é o que vai nos acrescentar?
É do conflito que nasce a superação. As diferenças e os conflitos não podem ser tolidos de nossas relações. A discussão há de ser feita, já basta de falsa democracia.
A hora é chegada, de repensarmos nossas relações e nosso fazer profissional. Há uma gama de pessoas conscientes que não desejam mais ver omissão, nem precisamos de ninguém nos oferecendo a idéia da tal democracia racial. Deixemos de lado os olhares enfeitiçados sobre a realidade, que fingem nada ver e não dão cabo dos acontecimentos. Não há mais espaço para isso, a realidade nos comprova o contrário, a necessidade de real mudança.

quarta-feira, 3 de junho de 2009


Mais uma iniciativa em prol da nossa cultura, da nossa marca maior: o SAMBA!
Parabéns a Ierê Ferreira, Junior Perim e Vinícius Daumas pela iniciativa.


SARAVÁ!!!!